Celebração da subjetividade
Eu já estava há um bom tempo escrevendo Memória do Fogo, e quanto mais
escrevia mais fundo ia nas histórias que contava. Começava a ser cada vez mais
difícil distinguir o passado do presente: o que tinha sido estava sendo, e
estava sendo à minha volta, e escrever era minha maneira de bater e abraçar.
Supõe-se, porém, que os livros de história não são subjetivos.
Comentei isso tudo com José Coronel Urtecho: neste livro que estou escrevendo, pelo avesso e pelo direito, na luz ou na contra-luz, olhando do jeito que for, surgem à primeira vista minhas raivas e meus amores.
E nas margens do rio San Juan, o velho poeta me disse que não se deve dar a menor importância aos fanáticos da objetividade:
- Não se preocupe – me disse. – É assim que deve ser. Os que fazem da objetividade uma religião, mentem. Eles não querem ser objetivos, mentira: querem ser objetos, para salvar-se da dor humana.
Comentei isso tudo com José Coronel Urtecho: neste livro que estou escrevendo, pelo avesso e pelo direito, na luz ou na contra-luz, olhando do jeito que for, surgem à primeira vista minhas raivas e meus amores.
E nas margens do rio San Juan, o velho poeta me disse que não se deve dar a menor importância aos fanáticos da objetividade:
- Não se preocupe – me disse. – É assim que deve ser. Os que fazem da objetividade uma religião, mentem. Eles não querem ser objetivos, mentira: querem ser objetos, para salvar-se da dor humana.
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