sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Nem tudo está perdido, amor


Dormi sorrindo e acordei no mesmo estado. 
Não sei se porque a noite anterior foi diferente das habituais e eu esqueci do tempo, enquanto abrigava meus pés entre as almofadas do sofá. 
Estávamos nós: Eu e a Música, como de costume. Mais nada ou ninguém. 
[Só em pensamento]
É certo que tive umas chateações, mas nada que me tirasse daquela atmosfera ensolarada, que mesmo à noite se fazia presente. 
Quase durmo ali, encolhida, como alguém que chega tarde de uma festa, sem a mínima condição de trocar a roupa e muito menos, enfrentar a maratona de subir alguns degraus da escada. 
Mas não, optei pelo conforto da cama. E ainda fui agraciada por alguns minutos de uma boa entrevista na TV. 
Peguei no sono...
Pelo que lembro, dormi toda a madrugada e não tive pesadelo, como em noites passadas.
Acordei com uma música na cabeça, quase cantarolando. Mas a preguiça era a mesma de todas as manhãs. 
Minto. Não era a mesma, já que deu tempo de admirar o céu ensolarado até voltar ao bom sono matinal.
[Tem dias que mesmo com a janela escancarada e o sol radiante, é preferível a visão obscura por entre os furinhos da nossa manta]
Acordei de novo e despertei. Com a mesma sensação que velava minha noite horas atrás: de bem estar. E mais: com o pressentimento de que algo bom estava pra acontecer.
Confidenciei minha suspeita à minha irmã, que logo achou tendenciosa.
Achei sã da parte dela.
Talvez 'aquilo' tivesse mesmo [só] relação com os 'planos' do dia. Mas eu queria expandir os horizontes e não concentrar minha expectativa no previsível.
Bom, foi o que eu tentei.
As horas se passaram e com elas as trivialidades. 
Junto àquele bom pressentimento estava a Sr.ª Espera. Praguinha corrosiva, essa. 
[Com agravante para os que sempre desejam 'chegar antes pra sinalizar o estar de cada coisa, filtrar seus graus']
E contra a minha vontade, esperei.
Esperei acompanhando os números mudarem na tela do meu celular.
Esperei pensando 'Como o dia tá passando devagar, já faz um tempão que minha irmã saiu de casa!'.
Esperei pintando a unha enquanto ouvia dois álbuns completos de Marisa Monte.
Esperei descobrindo beleza numa música até então ignorada e que provavelmente tornar-se-á meu vício dos próximos dias.
Esperei descobrindo também um livro no armário, que havia baixado tempos atrás pela internet.
Esperei pensando 'Como eu não sabia da existência desse livro e perdi a chance de grifá-lo com minhas próprias mãos?!'.
Esperei grifando logo um dos primeiros trechos com marca texto.
Esperei pensando em como é ruim esperar.
Esperei criando cenas na minha cabeça.
[O que é comum, mesmo quando não espero nada]
Esperei ignorando uma chamada no celular.
[Não eram aqueles dígitos por quais esperava]
Esperei retornando a ligação algum tempo depois.
Esperei recusando outros planos.
Esperei atendendo uma ligação inesperada.
Esperei recebendo uma visita inesperada. 
[Inesperada para esse dia, mas esperada no anterior] 
Esperei conversando com a visita sobre a minha espera.
Esperei caminhando.

Esperei sentada.

Esperei levantando e caminhando outra vez.
[Já sem esperança de deixar de esperar]
Esperei me despedindo da visita.
Esperei esperando uma satisfação.
Esperei
[...]

E foi assim.
Da espera pelo previsível se fez a confirmação das incertezas.
Da visita inesperada uma coisa é certa: A espera por um amigo sempre vale a pena. [ou a demora]!



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