Vinícius de Moraes cantava que 'pra fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza'.
Não sou de total acordo com essa condição. Acho que mais do que estar triste, um sambista de respeito precisa mesmo é de um bocado de coragem pra dizer umas boas verdades por meio de seus versos.
Mas, sambas à parte, o que me trouxe até aqui foi outra coisa. Ou melhor, outro sentimento. A descoberta.
Hoje eu descobri o que me inspira a escrever!
Parando pra pensar na descoberta, confesso que não fiquei tão surpresa. No mais íntimo eu já desconfiava de que era 'aquela tal' que me fazia parar durante horas, inclusive varar madrugadas, pra tentar organizar a casa dos meus pensamentos, até transformá-los em palavras. [Eu digo tentar, porque como canta Mariana Aydar, 'por mais que eu tente, são só palavras'].
A inspiração da minha escrita não vem do vento que entra pela minha janela, mas do que ele não mostra.
A inspiração da minha escrita não vem dos versos expostos de uma música, mas do que guarda suas entrelinhas.
A inspiração da minha escrita não vem do que você fala, mas do que eu consigo enxergar nos seus olhos.
A inspiração da minha escrita não vem da sua roupa, mas de como eu a sinto num abraço.
A inspiração da minha escrita não vem do céu azul, mas do seu leque de cores durante todo o dia.
A inspiração da minha escrita não vem de sonetos camonianos, mas da poesia orgânica que me faz transver o mundo.
A inspiração da minha escrita não vem dos clichês, mas das obviedades que até então estavam recatadas;
A inspiração da minha escrita vem da incerteza.