Savanna Aires Soares
Primeira postagem de 2013! O anseio de escrever me acompanha desde o final do ano passado, mas só agora a inspiração decidiu voltar de suas férias prolongadas! Engraçado que os escritos nada tem a ver com os pensamentos embaralhados de dias atrás, quando estes clamavam por uma organização em forma de texto. [Vai ver eles ainda precisem amadurecer ou de tão significativos não caibam em palavras].
O que me
trouxe aqui foi um filme, o primeiro do ano: Coco Antes de Chanel [2009]. Nele,
é retratado parte da vida da francesa Gabrielle Chanel, apelidada de ‘Coco’
pelo seu pai e que mais tarde viria a se
tornar uma reconhecida estilista, fundando a famosa marca ‘Chanel’.
A escolha da
protagonista, Audrey Tautou, já foi de grande peso pra despertar meu interesse
em assistir ao filme, por ser uma atriz diferenciada de todas que já vi. Sua aura é simples e elegante, o que faz de
sua interpretação única. E são esses mesmos elementos, simplicidade e elegância [com o adicional do conforto], os mais valorizados
pela estilista francesa.
Enquanto as
mulheres de sua época desfilavam com adornos glamourosos e roupas sufocantes, a
fim de exibir uma ‘confortável’ posição social, Coco não abdicou do estilo
despojado de suas roupas frouxas no corpo, confeccionadas a partir de peças
masculinas. A preocupação das damas em manter o status sob a forma de suas
vestimentas ornamentais torna-se evidente quando Coco as empresta seus modelos e as mesmas os
recusam, alegando serem muito simples, sem jóias, plumas, ou qualquer outro
indício de riqueza.
Tal futilidade,
ainda persistente nos dias de hoje, me lembrou algumas passagens grifadas por mim do livro ‘Walden’,
em que o filósofo Thoreau critica o valor distorcido da ‘Roupa’ para a
sociedade:
“Os reis e as rainhas que usam uma roupa
apenas uma vez mais parecem aqueles mancebos de madeira onde penduramos a roupa
limpa.”(pg. 33)
“Os homens geralmente se preocupam mais em
ter roupas elegantes ou pelo menos asseadas e sem remendos, do que ter uma consciência limpa.” (pg. 34)
[...!]
Uma
cena fantástica do filme é a que Coco está lendo um livro, com os cabelos naturalmente
soltos, usando um vestido longo, como uma espécie de camisola, e o homem que a
encontrara há poucos minutos diz: ‘Você é elegante.’
[Onde estavam as jóias, as plumas, as
vestimentas justíssimas? E os penteados mirabolantes?]
É admirável
quando alguém reconhece beleza na simplicidade, na cara limpa, nas roupas sem
etiqueta, nos gestos espontâneos, às vezes até abstratos. Por isso que filmes como esse, atrizes como Audrey Tautou e filósofos como Thoreau tanto me inspiram e instigam a enxergar e valorizar o essencial de nossas vidas.