Savanna Aires Soares
Há um tempo desejava voltar a escrever por aqui, alguns pensamentos me vinham, assuntos sobre os quais talvez ainda externe, mas faltava algo mais que me salvasse da preguiça das férias e fizesse com que eu colocasse meus dedos e cabeça para trabalhar. O impulso? A retribuição. Nada de valor material, palpável, que se ganha (e pode se perder) instantaneamente, mas uma compensação singela e motivadora, vinda do rosto e das palavras de outra(s) pessoa(s).
A oportunidade de receber essa forma de gratificação foi proporcionada
por um projeto em andamento, desenvolvido pela ONG Jovem Ambientalista, da qual
faço parte. O trabalho está dividido em três módulos e em geral, objetiva sensibilizar
crianças e jovens para o cuidado com o ambiente onde vivem, a partir de atividades
lúdicas e educativas. Hoje encerramos a segunda etapa, com a participação de
alguns pais, em que os foi apresentado uma síntese do trabalho realizado até o
momento e de nossas propostas futuras, referentes ao módulo seguinte.
Durante a exposição dos slides, fiquei atenta aos rostos ali presentes,
principalmente dos adultos, aguardando qualquer tipo de reação que pudesse
revelar seus pensamentos diante do que estava sendo exposto. Uma das mães
deixava transparecer com facilidade o seu envolvimento com os assuntos
abordados, como se reconhecesse a importância de cada um deles no cotidiano da
sua família, a exemplo de necessidades básicas para se obter qualidade de vida:
higiene, amizade, alimentação saudável, esporte, entre outras.
Uma outra mãe, por sua vez, fazia questão de manter o ar sério, atento,
difícil de ser interpretado, e para adubar ainda mais a minha curiosidade,
permaneceu assim até o final da exposição. Finalizada a fala do nosso grupo,
abriu-se o espaço para o depoimento dos pais, que quando questionados se as
atividades realizadas com as crianças e os jovens estavam refletindo em mudança
de comportamento em suas casas, responderam imediatamente (embora de forma silenciosa,
com a cabeça) que sim! Logo em seguida, como se adivinhasse o meu interesse, a mãe
de expressão enigmática disse toda satisfeita: “Agora meu filho sempre lava as
mãos antes do almoço”. (!!!!) E o sorriso tomou conta de todos...
É desse tipo de retribuição que ‘falava’ no início, que não motiva
somente o compartilhamento dessas palavras, mas a continuidade do nosso
projeto, de torná-lo cada vez melhor e através dele, proporcionar novas
mudanças.
Que venham mais recompensas como essa, afinal, “As melhores coisas da
vida não são coisas.”!